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por favor, não lembre de mim.



quando você conhecer uma fotógrafa, por favor, não lembre de mim se ela não te contar histórias de envolvimento e de transformação pelo seu próprio trabalho. se ela não alterar a voz e o ritmo pra falar com empolgação e orgulho das fotos que ela entrega e das experiências que ela vive quando empresta seus próprios olhos pra alguém, por favor, não lembre de mim.


não lembre de mim quando você conhecer uma fotógrafa e ela não falar de feminismo. se ela diminuir as necessidades das próprias clientes e ignorar as camadas que atravessam a subjetividade do universo que uma mulher ostenta, por favor, finge que não me conhece, tá? vai continuar tudo bem entre a gente, eu juro.


juro mesmo. juro juradinho — não vou me ofender.


o que me ofende é o raso. o automático. a conversa de salão. os comandos decorados demais pra se permitir envolver. as regras engessadas demais para permitir o voo. as poses clichezudas demais para te permitirem ser você.


se você conhecer uma fotógrafa e ela não tiver ouvidos muito mais apurados até que os olhos, por favor, não lembre de mim.


fotografar é ver pelo outro, se emprestar, ouvir e devolver. fazer do agora uma máquina do tempo.


clique.


não quero mais saber da fotografia que não é revolução.

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